domingo, 27 de fevereiro de 2011

Letícia Thompson - Dor de perda




É um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.

E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar. 

A pior de todas, é quando alguém que a gente ama morre. Esse é um sentimento de perda irreparável. Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais. 

Tenho uma amiga sábia que diz que "nunca somos velhos o suficiente para ficarmos órfãos." E ela tem razão. E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio. 

É a idéia do "nunca mais ver" que dói mais. E quando esta se une à idéia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior. 
Outra dor de perda é quando a pessoa que se ama se vai. Nesse caso existe uma mistura de dor de orgulho e dor de medo de se ficar sozinho, muitas vezes porque o que existia não era realmente amor, mas uma dependência emocional do outro. 

Dor de orgulho, porque ninguém nessa vida foi feito pra perder. Dor de ter sido deixado, dor de rejeição, que chega a doer até fisicamente. Não adianta dizer nesse momento que "quando se perde um ônibus vem dez atrás", porque a pessoa vai te dizer que o que perdeu era justamente aquele que queria. Mas quando o tempo cura essa ferida (e o tempo cura todas as feridas!) e o coração começa a bater mais forte por outra pessoa, aí então a gente esquece. 

E ninguém precisa ter medo de ficar sozinho, pois só vai ficar sozinho quem não se abrir a novas possibilidades.
E com isso tudo, o que é preciso mesmo é que aprendamos o sentimento de aceitação. Não passiva, de se deixar levar. Mas aquela de quando se sabe que vai se viver o inevitável, de viver isso da melhor maneira possível. Nenhum de nós está preparado pra isso, mas sabemos que é a vida.

E não deixar que a dor do orgulho possa impedir que vivamos, isso é importante. Alguém me contou recentemente que sofreu dois anos por ter perdido um amor e depois é que reconheceu que o sofrimento não era realmente de amor, mas do orgulho de ter sido deixado. Uma vez reconhecido isso, ele deu um passo à frente e encontrou aquela que hoje em dia é sua esposa, que portanto já fazia parte do grupo que conhecia e freqüentava. 

É preciso muita sabedoria para se tirar a venda do orgulho dos olhos.
 Fazer com que os que amamos saibam disso é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, se esta se der. É preciso dar de si mesmo enquanto se pode. É preciso evitar o "ah, se eu soubesse" e "ah, se eu pudesse voltar" do futuro. É preciso oferecer flores enquanto se pode vê-las e senti-las.

Se você gosta de alguém, diga, demonstre. Nem todo mundo sabe adivinhar. Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.

 Vive muito melhor dor de perda quem sabe que fez a sua parte. Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.   


sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

do livro:"O Homem Que Veio da Sombra"

Adeus:

É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.

Amigo:

É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.
Amor ao próximo:
É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.
Caridade:
É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.
Carinho:
É quando a gente não encontra nenhuma palavra parra expressar o que sente e fala com as mâos, colocando o afago em cada dedo.
Ciúme:
É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.
Cordialidade:
É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos.
Doutrinação:
É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra.
Entendimento:
É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente estando apressado não reclama.
Evangelho:
É um livro que só se lê bem com o coração.
Evolução:
É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.
Fé:
É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.
Filhos:
É quando Deus entrega uma jóia em nossa mão e recomenda cuidá-lá.
Fome:
É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.
Inimizade:
É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.
Inveja:
É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.
Lágrima:
É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.
Lealdade:
É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.
Mágoa:
É um espinho que a gente colocano coração e se esquece de retirar.
Maldade:
É quando arrancamos as asas do anjo que deverámos ser.
Netos:
É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.
Ódio:
É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.
Orgulho:
É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.
Paz:
É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever.
Perdão:
É uma alegria que a gente se dá e que pensava que jamis teria.
Perfume:
É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.
Pessimismo:
É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.
Preguiça:
É quando entra vírus na coragem e ela adoece.
Raiva:
É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.
Saudade:
É estando longe, sentir vontade de voar, e estando perto, querer parar o tempo.
Sexo:
É quando a gente ama tanto que tem vontade de morar dentro do outro.
Simplicidade:
É o comportamento de quem começa a ser sábio.
Sinceridade:
É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.
Solidão:
É quando estamos cercados por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.
Supérfluo:
É quando a nossa sede precisa de um gole de aguá e a gente pede um rio inteiro.
Ternura:
É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.
Vaidade:
É quando a gente abdica da nossa essência por outra, geralmente pior.
                                                               

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Letícia Thompson - Depressão

                   A depressão
Quando se olha o mundo de fora é muito fácil dizer o que se deve fazer, como e até quando. Achamos soluções para todo mundo, desde que não estejamos envolvidos. É fácil falar da dor que não sentimos, do amor que não perdemos, dos problemas que não temos e da vida que não vivemos. 
Somos assim muito sábios quando o espinho não está em nós!...
Os altos e baixos são comuns a todo mundo. Ninguém vive em linha reta. E há pessoas que suportam mais facilmente as subidas e descidas da vida que outras, como umas pegam certas doenças e outras não. Há coisas que não se controla, pois se tivéssemos escolha, optaríamos sempre por uma vida sã.

A depressão é uma doença como uma outra, não um capricho de quem deseja mais do que a vida pode oferecer. Só quem passou ou passa por isso sabe entender o que é. E como toda doença, deve ser reconhecida, entendida e tratada como tal. 

Infelizmente todo mundo não está preparado para ajudar em casos assim e tentam resolver os problemas mostrando que há pessoas mais infelizes. Contudo, não é possível minimizar a dor de ninguém, fazendo-o comparar sua infelicidade com as misérias do mundo. 

Ninguém pode se sentir melhor porque do lado de fora há mais sofrimento. Se fosse assim, seria fácil ir dormir feliz a cada dia, bastando assistir ou ler jornais.
É claro que muitas vezes vemos uma coisa triste e pensamos no quanto somos abençoados por não vivermos aquilo.

Isso é normal para todo mundo, nos faz refletir sobre a realidade da vida. Mas se passamos nossa vida com comparações não vamos a lugar nenhum, pois sempre haverá parâmetros diferentes e acabaremos nos sentindo perdidos.

Precisamos respeitar a dor e sentimento do outro, como respeitamos os limites do seu jardim. Cada vida é única, é própria. Podemos ajudar uma pessoa depressiva mostrando-lhe o lado belo da vida, dando-lhe razões para olhar além do horizonte, criar objetivos e acreditar neles. Podemos tirá-la do isolamento em que se encontra dando-lhe palavras de reconforto e amizade, fazendo-a sentir-se amada e útil. Dizer a um depressivo que seus problemas são mínimos porque há coisas piores na vida não o fará sentir-se melhor.

Quando Jesus se referiu à pessoas com problemas e ansiedades, mandou que olhassem os lírios dos campos e as aves no céu e se repousassem,  apontou para coisas bonitas e alegres, nunca disse para olharem os necessitados. E Ele teve, também, Seu momento de dor, tristeza e lágrima, como todo ser humano.

As soluções para os problemas começam com o reconhecimento deles. Ter amigos que possam compreender já é um passo na direção da cura. A compreensão da dor do outro leva-lhe segurança. E, segura, uma pessoa poderá se levantar e recomeçar seu caminho, com toda ajuda que ela deve ter.
Depressão? Uma doença sim. E médicos são úteis. Amigos são preciosos. Orações são imprescindíveis.




quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Madre Tereza De Calcutá

Muitas vezes a pessoa é egocêntrico, 
ilógico e insensato,

Perdoe-a assim mesmo.
Se você é gentil, a pessoa pode 
acusá-lo de egoísta e interesseiro.
Seja gentil assim mesmo.
Se você for um vencedor, terá alguns falsos 
amigos e alguns inimigos verdadeiros.
Vença assim mesmo.
Se você é honesto e franco, o povo pode enganá-lo.
Seja honesto e franco assim mesmo.
O que você levou anos para construir, alguém pode destruir de uma hora para outra.
Construa assim mesmo.
Se você tem paz e é feliz, o povo pode sentir inveja.
Seja feliz assim mesmo.
O bem que você faz hoje, o povo pode esquecê-lo amanhã.
Faça o bem assim mesmo.
Dê ao mundo o melhor de você, mas isso pode nunca ser o bastante.
Dê o melhor de você assim mesmo.
Veja você que, no fim das contas, é entre VOCÊ E DEUS.
Nunca foi entre você e o povo.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Quem é complicada?????

De coração leve


O rancor, a mágoa, a raiva são sentimentos que aprisionam o coração. 

Eles nos solidificam num tempo que só existe no nosso íntimo e acabam a prejudicar a nós mesmos. Não importa a quem direcionamos essas emoções, elas permanecem em nós. 

Assim como o amor não está no ser amado, mas naquele que ama; assim também os sentimentos angustiantes de fúrias. Deveríamos trabalhar para dissolvê-los, mesmo que demore um certo tempo, mas procurar transformá-los é uma atitude de amor e libertação a nós mesmos.

Não importa o que as pessoas fazem conosco, mas sim como lidamos com o que a nós é direcionado. Se alguém nos fere, com toda a certeza é ele quem mais tem sofrimento dentro de si; pois só podemos doar aquilo que trazemos dentro de nós.


Deveríamos caminhar com a intenção de levar leveza no coração e brilho na alma. Quem ganha com isso somos nós mesmos. 

Ganhamos paz e liberamos o fluxo da vida na sintonia de coisas positivas. Por isso, a nossa unica preocupação deveria ser cultivar belezas, pois os bons e belos frutos com toda a certeza fluirão em nossa direção.

(Sabrina Bonzi)




Roberto Carlos

Outra vez
Você foi!
O maior dos meus casos, de todos os abraços

O que eu nunca esqueci

Você foi!
Dos amores que eu tive, o mais complicado
E o mais simples prá mim...
Você foi!

O maior dos meus erros,a mais estranha história
Que alguém já escreveu, e é por essas e outras
Que a minha saudade,faz lembrar
De tudo outra vez...
Você foi!

A mentira sincera, brincadeira mais séria
Que me aconteceu
Você foi!
O caso mais antigo,e o amor mais amigo
Que me apareceu...
Das lembranças,que eu trago na vida

Você é a saudade,que eu gosto de ter
Só assim!
Sinto você bem perto de mim,outra vez...
Me esqueci! De tentar te esquecer

Resolvi! Te querer, por querer
Decidi te lembrar quantas vezes
Eu tenha vontade, sem nada perder...
Ah!Você foi!

Toda a felicidade, você foi a maldade
Que só me fez bem, 
Você foi!
O melhor dos meus planos, e o pior dos enganos
Que eu pude fazer...

Das lembranças, que eu trago na vida

Você é a saudade, que eu gosto de ter
Só assim! Sinto você bem perto de mim
Outra vez....
                                                      ( p v  Ca...)

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Padre Fábio de Melo

Só dê ouvidos a quem te ama. Outras opiniões, se não fundamentadas no amor, podem representar perigo. 

Tem gente que vive dando palpite na vida dos outros. O faz porque não é capaz de viver bem a sua própria vida. É especialista em receitas mágicas de felicidade, de realização, mas quando precisa fazer a receita dar certo na sua própria história, fracassa.

Tem gente que gosta de fazer a vida alheia a pauta principal de seus assuntos. Tem solução para todos os problemas da humanidade, menos para os seus. Dá conselhos, propõe soluções, articula, multiplica, subtrai, faz de tudo para que o outro faça o que ele quer. 

Só dê ouvidos a quem te ama repito. Cuidado com as acusações de quem não te conhece. Não coloque sua atenção em frases que te acusam injustamente. 


Há muitos que são feridos pela vida porque não souberam esquecer os insultos maldosos. Prenderam a atenção nas palavras agressivas e acreditaram no conteúdo mentiroso delas.


Há muitos que carregam o fardo permanente da irrealização porque não se tornaram capazes de esquecer a palavra maldita, o insulto agressor. Por isso repito: só dê ouvidos a quem te ama. 

Não se ocupe demais com as opiniões de pessoas estranhas. Só a cumplicidade e conhecimento mútuo pode autorizar alguém a dizer alguma coisa a respeito do outro.


Ando pensando no poder das palavras. Há palavras que bendizem, outras que maldizem. Descubro cada vez mais que Jesus era especialista em palavras benditas.Quero ser também. 

Além de bendizer com a palavra, Ele também era capaz de fazer esquecer a palavra que amaldiçoou. Evangelizar consiste em fazer o outro esquecer o que nele não presta, e que a palavra maldita insiste em lembrar.

Quero viver para fazer esquecer... Queira também. Nem sempre eu consigo, mas eu não desisto. Não desista também. Há mais beleza em construir que destruir.

Repito: só dê ouvidos a quem te ama. Tudo mais é palavra perdida, sem alvo e sem motivo santo.

Só mais uma coisa. Não te preocupes tanto com o que acham de ti. Quem geralmente acha não achou nem sabe ver a beleza dos avessos que nem sempre tu revelas.

O que te salva não é o que os outros andam achando, mas é o que Deus sabe a teu respeito.


Luis Fernando Veríssimo

                                
"Pros erros há perdão; pros fracassos, chance; 
pros amores impossíveis, tempo.
        
De nada adianta cercar um coração vazio ou economizar alma.
         
      Um romance cujo fim é instantâneo ou indolor não é romance.
        
  Não deixe que a saudade sufoque, que a rotina acomode, que o medo impeça de tentar..."

Barrigudinho.

Engraçadas

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Mario Quintana


"Com o tempo, você vai percebendo que, 
para ser feliz com uma outra pessoa você precisa, 

em primeiro lugar, não precisar dela... 


Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, 
principalmente, a gostar de quem também gosta de você. 


O segredo é não correr atrás das borboletas... 

é cuidar do jardim para que elas venham até você. 

No final das contas, você vai achar 
não quem você estava procurando... 
mas quem estava procurando por você!"


                                                      

Suporte de Internet



Quem é complicada???

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Ela queria  ele,
ele queria ela e outras; 
ela sofria, ele nem ligava; 
ela chorava, ele ria; 
ela falava, ele não ouvia; 
ele mentia, ela acreditava; 
ela o esperava, ele não voltava. 
ela queria coisa séria, ele só queria se divertir; 
ela demonstrava seus sentimentos, 
ele brincava com seus sentimentos; 
ela sorria pra ele, ele ria dela; 
ela acreditava em tudo que ele dizia, 
ele dizia o mesmo para αs outras; 
ela se iludia, ele alimentava a ilusão;
ela espera por ele, 
ele já está em outra. 
ela ama, ele gosta; 
ela fazia tudo por ele, 
ele dizia não se contentar com tão pouco; 
ela achava que ia dar certo,
ele tinha certeza que ia dar errado;
ela queria pra sempre,
ele só por um momento;
ela se entregava, 
ele evitava; 
ela falava: eu te amo,
ele apenas sorria; 
ela ficava por conteúdo,
ele ficava por quantidade; 
ela procurava o príncipe,
ele procurava a próxima.
ela queria "O",
ele queria "UMA"; 
ele descobriu que ela era A ÚNICA,
ela descobriu que ele era só... MAIS UM.

Denise ( Dê- Divã)



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011



Poema da Gratidão

Senhor , muito obrigado !
Pelo ar que nos dás, pelo pão que nos deste, pela roupa que nos veste, pela alegria que possuímos, por tudo de que nos nutrimos. 
Muito obrigado,pela beleza da paisagem, pelas aves que voam no céu de anil,pelas Tuas dádivas mil.


Muito obrigado, Senhor ! Pelos olhos que temos. . .olhos que vêem o céu, que vêem a terra e o mar, que contemplam toda beleza !
Olhos que se iluminam de amor, ante o majestoso festival de cor da generosa Natureza ! E os que perderam a visão ?

Deixa-me rogar por eles ao Teu nobre coração !
Eu sei que depois desta vida, além da morte, voltarão a ver com alegria incontida. Muito obrigado pelos ouvidos meus, pelos ouvidos que me foram dados por Deus.
Obrigado, Senhor, porque posso escutaro Teu nome sublime, e, assim, posso amar.

Obrigado pelos ouvidos que registram: a sinfonia da vida, no trabalho, na dor, na lida. .o gemido e o canto do vento nos galhos do olmeiro, as lágrimas doridas do mundo inteiro e a voz longínqua do cancioneiro. . .

E os que perderam a faculdade de escutar ?

Deixa-me por eles rogar...Eu sei que no Teu Reino voltarão a sonhar.
Obrigado Senhor pela minha voz.

Mas também pela voz que ama, pela voz que canta, pela voz que ajuda, pela voz que socorre, pela voz que ensina, pela voz que ilumina. . .

E pela voz que fala de amor........Obrigado, Senhor !

Recordo-me, sofrendo, daqueles que perderam o dom de falar e o teu nome sequer podem pronunciar ! . . .


Os que vivem atormentados na afasia e não podem cantar nem à noite, nem ao dia. . .Eu suplico por eles sabendo que mais tarde, no Teu Reino, voltarão a falar.
Obrigada, Senhor, por estas mãos, que são minhas, alavancas da ação, do progresso, da redenção.


Agradeço pelas mãos que acenam adeuses, pelas mãos que fazem ternura,e que socorrem na amargura; pelas mãos que acarinham, pelas mãos que elaboram as leis e pelas que as feridas cicatrizam retificando as carnes partidas, a fim de diminuírem as dores de muitas vidas ! Pelas mãos que trabalham o solo, que amparam o sofrimento e estancam lágrimas, pelas mãos que ajudam os que sofrem, os que padecem. . .


Pelas mãos que brilham nestes traços, como estrelas sublimes fulgindo nos meus braços !
E pelos pés que me levam a caminhar,ereto, firme a marchar, pés da renúncia que seguem humildes e nobres sem reclamar.

E os que estão amputados, os aleijados, os feridos e os deformados, os que estão retidos na expiação por crimes praticados noutra encarnação. . .

Eu rogo por eles e posso afirmar que no Teu Reino, após a lida desta dolorosa vida, poderão bailar e em transportes sublimes com os seus braços também afagar.

Sei que lá tudo é possível quando Tu queres ofertar, mesmo que na Terra pareça incrível !
Obrigada, Senhor, pelo meu lar o recanto de paz ou escola de amor, a mansão de glória ou pequenino quartinho, o palácio ou tapera, o tugúrio ou a casa de miséria!

Obrigada, Senhor, pelo amor que tenho e pelo lar que é meu. . .

Mas, se eu sequer nem o lar tiverou teto amigo para me abrigar nem outra coisa para me confortar, se eu não possuir nada, senão as estradas, e as estrelas do céu como sendo o leito de repouso e o suave lençol, e ao meu lado ninguém existir, vivendo e chorando sozinho, ao léu...

Sem um alguém para me consolar direi, cantarei, ainda: Obrigada, Senhor, porque Te amo e sei que me amas, porque me deste a vida jovial, alegre, por Teu amor favorecida...

Obrigada, Senhor, porque nasci ! Obrigada, porque creio em Ti !
E porque me socorres com amor, hoje e sempre,
Obrigada, Senhor !

(Divaldo Franco/Amélia Rodrigues)